"Cosplay, muito mais que uma simples fantasia, fazer um cosplay é saber trazer o mundo dos desenhos para a realidade, dar vida aos personagens que amamos. Às vezes não ganhamos nada fazendo e gastamos bastante, mas só de nos olharmos no espelho e pensar se quem está olhando para nós é o nosso reflexo ou é a personagem que agora vive, é a maior dádiva do mundo. Só quem faz sabe como é maravilhosa a sensação, ela vale cada centavo investido, cada gota de suor, cada segundo gasto... ser cosplayer é sempre estar disposto a encarar desafios e sempre melhorar, mesmo que muitas vezes os cosplays exijam muito de nós. Acima de tudo, ser cosplayer é ser alguém capaz de tornar possível o impossível, é ser capaz de fazer qualquer coisa, é só realmente querer." (Jess Angie)

domingo, 15 de dezembro de 2013

Campinas Anime Fest

08 de dezembro de 2013, depois de muita dor de cabeça, muito cansaço, queimaduras, choro, algumas brigas, menos de três horas de sono e blá blá blá eu estava a caminho do Campinas Anime Fest, o evento onde seria a primeira final que eu iria competir.
Cheguei uma hora antes do evento abrir e consegui entrar sem esperar, logo meu namorado começou a ajeitar os detalhes finais da asa do meu cosplay enquanto eu fui me maquiar e colocar minha peruca.
Quando chegou 11 horas eu fui até a banca de inscrições para confirmar meu nome como finalista e quando a moça abriu o pendrive, eu vi que não havia o arquivo do áudio. Pronto, quase morri! Foi uma correria danada, mas meu namorado (que naquela hora fez mais do que qualquer anjo) conseguiu fazer com que o celular dele fosse um gerador de wi-fi e a moça conseguisse pegar no dropbox dele o arquivo. Depois de muito nervosismo essa parte estava tudo O.K. e lá fui eu me arrumar.
Descobrimos que minha asa, por mais reforçada que tivesse, estava capenga (também, né, 1,5m em cada asa...!) então tivemos que improvisar uma asa com fio de nylon... sai do camarim dos finalistas (algo maravilhoso que o evento proporcionou para nós) com muita dificuldade, pois as asas eram enormes, e fui para o evento propriamente dito.
Eu fiquei boba de ver o tanto de gente que se juntava para tirar foto minha. Eu tinha feito o possível para a minha Seraphic Charm ficar o mais fiel possível à original mas eu realmente me surpreendi. Uma amiga minha chegou a dizer que na opinião dela, a Utau-chan saiu da tela do computador e estava na frente dela, eu fiquei radiante.
Para ser sincera, eu não estava acostumada com isso e mesmo o meu cosplay de Kikyou de InuYasha não chamou tanta atenção assim (e olha que lá também juntava várias pessoas), demoramos meia hora para chegar ao estúdio onde meu amigo Julio estava tirando fotos dos cosplayers. Fiz algumas poses e, com a mesma dificuldade de antes, sai. 
Durante o evento inteiro eu sentia gotas de suor escorrerem pelas minhas costas, mas mesmo com todo o incômodo eu não me preocupava muito, porque aquelas pessoas que estavam tirando fotos mereciam toda atenção e eu só não parava para tirar quando eu estava em cima da hora das competições, peço desculpas a eles, mas não tive escolha. Eu já estava sentindo o peso daquele trambolho chamado asa mas eu tinha que ser forte porque as coisas mais importantes começariam dali em diante.
Primeiro foi o desfile, eu fui a terceira. Para meu desagrado a parte traseira da sapatilha de ponta escapou quando eu desci da ponta do pé mas eu lembrei do que perdi a conta de vezes que já ouvi: mesmo se acontecer alguma coisa, finja que está tudo bem e continue a sorrir. Bem, e foi isso que aconteceu, até o fim eu tentei representar a personagem que eu tanto gostava.
Desci do palco e fui para o camarim, consegui tirar minha asa por alguns instantes e também fui ao banheiro, algo que não tinha ido desde que tinha colocado o cosplay, por motivos óbvios (mas seria engraçado, rs).
Meus amigos foram para perto do palco arrumar o cenário para a minha apresentação e eu fiquei ali por um tempo, bebi xarope porque eu estava com dor de garganta e iria cantar dali a pouco tempo e fui também para perto do palco, em cima da hora, mas por sorte a competição atrasou um pouco e minha amiga conseguiu dar uns retoques nas fitas das minhas pernas e na meia que estavam caindo. 
Fitas arrumadas, a garganta mais ou menos (ou não), tinha chegado a hora que eu esperei todo esse ano, mesmo antes de ter chegado na final: subir no palco da final do Circuito Anime Fest de Cosplay.
O som não estava bom no começo e eu fiquei um pouco estressada com isso, mas quando deu certo eu tentei de todas as formas que podia demonstrar a dor da Utau de não saber mais se conseguiria cantar por ter prejudicado as pessoas com o canto e a esperança de um recomeço. A apresentação terminou com minha voz tremida e emocionada cantando "Heartful Song" que, na verdade, não deu para ouvir muito bem por causa do som alto, mas eu tentei cantar como podia. 
Eu desci de lá angustiada, não havia sido como eu esperava mas, por outro lado, eu estava tranquila, meu cosplay havia sido ótimo, o que mais eu poderia querer?
O que mais eu poderia ganhar além de todo o carinho das pessoas, todos os elogios, todas as pessoas que pararam o que estavam fazendo para tirar fotos minhas e muitas outras coisas? Bem, eu ainda iria me surpreender muito naquele dia, mal sabia eu que eu estava me subestimando.
Eu estava meio brava com a sapatilha, sabia que os jurados tinham percebido (eles estavam ali para isso, afinal) e estava com medo que que haveria acontecido. Foi quando passou o resultado dos concursos... primeiro o terceiro lugar ("puts, nem o terceiro?!") e depois, para a minha surpresa, "E o segundo lugar fica com Jéssica Lima Cochete! Olhei para as minhas amigas com a maior cara de "hã" e fui até o palco, quase matei o meu querido Bruno (apresentador) durante isso. O fruto de tanto cuidado, de tanto cansaço etc havia tido seu retorno. Mas não iria parar por ali, por incrível que pareça eu ainda teria mais uma surpresa. 

Já sem as asas, sem as luvas, com a sapatilha reserva porque ninguém é de ferro (haha) resolvi ficar brincando como criança para me distrair, mas no fundo eu estava com o coração na mão... eu não sabia o que eu iria fazer se eu não conseguisse ganhar nada, mas mesmo assim eu estava com certa esperança de que eu estava me desesperando à toa. E essa partezinha "ingênua" minha tinha toda razão.
O terceiro lugar foi anunciado e eu estava "de boa", com muitas aspas... mas no fundo, mais uma vez eu pensei "nem o terceiro lugar?!" mas logo a voz do Bruno fez-se ouvir novamente "Para aumentar a emoção, eu vou chamar aqui o primeiro e o segundo lugar sem revelar as posições"... "Jéssica Lima Cochete" (QUÊ?!), subi no palco correndo, não sei como não tropecei no processo, quase atropelei o Bruno quando voei no pescoço dele para abraçá-lo e também a Barbara Duzzi (Blair), cuja apresentação todos, inclusive eu, ficaram com o queixo caído. Bem, como esperado o primeiro lugar foi dela, merecido, extremamente merecido, e eu fiquei com o segundo lugar.
Não era um segundo lugar qualquer, era o segundo lugar de uma final do interior, e para completar, na verdade a minha nota e a da Blair tinham uma diferença de menos 0,5 pontos, o que me deixou ainda mais surpresa.
Na realidade eu não sabia se estava pronta para o primeiro lugar, eu estava apenas no começo, era a minha terceira apresentação apenas, e eu não queria ficar um ano sem competir no circuito, então para mim o segundo lugar foi uma felicidade imensa, porque eu sou competitiva por natureza e minha maior rival sou eu mesma. Eu adoro me superar, provar para mim mesma que eu posso, e o segundo lugar para mim veio como uma prova de que eu podia melhorar ainda mais. Eu ouvi várias pessoas que disseram estar surpresas comigo, inclusive meu amigo Daniel que acompanhou as três vezes que subi no palco para competir em um circuito, então eu estava realmente radiante.
E que venha 2014!